quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A superação do socialismo utópico


A segunda aula realizada durante o 23° Acampamento de férias da AJR, ministrada pelo companheiro Rui Costa Pimenta, deu seqüência ao estudo da vida e da obra de Karl Marx. “O Socialismo participa da história da humanidade assim como a religião”. Foi o que afirmou o palestrante, quando explicava a origem do socialismo que não é uma idéia moderna, mas que surgiu na antiguidade. A base para o surgimento dessa ideologia foi justamente a evolução das sociedades comunistas primitivas para sociedades baseadas na propriedade privada e em sua divisão em classes sociais, ou seja, as sociedades escravagistas. O que permitiu esse desenvolvimento das sociedades comunistas primitivas foi o surgimento da agricultura, do arado e da criação de animais, possibilitando assim a existência de um excedente de produção e a sua apropriação por uma parte da sociedade. Assim como as religiões, em sua grande maioria, servem como um alento para o sofrimento das pessoas oferecendo uma vida melhor em um mundo sobrenatural posterior à morte, o socialismo quando surgiu foi uma ideologia que buscava uma existência melhor e igualitária na terra. Essa ideologia quando surgiu era baseada em idéias morais que pregavam o igualitarismo entre os homens e não a partir de um estudo sistemático da sociedade. Daí o fato de que esse tipo de socialismo tenha sido classificado pelo próprio Karl Marx como utópico, ou seja, um ideal que não pode ser realizado apenas pela vontade de que a sociedade se organize a partir de regras morais pré-concebidas. Um dos tipos mais antigos de socialismo utópico citado na aula foi o cristianismo, que surgiu na Roma antiga. Para os socialistas utópicos a política era vista como algo maléfico, e não como a expressão da luta pelos interesses reais das classes sociais. A diferença que Marx estabeleceu a partir do desenvolvimento da teoria do socialismo científico era de que socialismo não seria um plano pré-estabelecido na cabeça das pessoas, como pensavam os utópicos, mas uma decorrência natural da própria sociedade. A força do socialismo científico, ou marxismo como é mais conhecido, consiste justamente no seu realismo e na ausência de dogmatismos em sua teoria que é baseada em um estudo científico da sociedade. Tal concepção, como foi discutido no final da aula, representa um verdadeiro divisor de águas com toda esquerda brasileira, mesmo aquela que se diz marxista, uma vez que todas essas correntes possuem uma concepção de tipo socialista utópica, baseada no senso-comum e na moralidade em oposição a uma compreensão científica, ou seja, marxista da sociedade.

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